quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FAVOR NÃO ESPALHAR!

Alguns conhecidos já me perguntavam sobre A Crise - assim mesmo com letra maiúscula, quando ainda residia nos Estados Unidos. Após retornar ao país do 'mensalão' e do maracatu, mais e mais pessoas me questionaram a respeito do assunto, largamente discutido nos telejornais brasileiros.

Minha resposta foi - na maioria das vezes - sempre igual. Re: "Que crise?" - assim mesmo com letra minúscula. Não sou alienado nem ignorante, sei muito bem do que todos falvam e que queriam ouvir uma opinião de alguém de dentro. Alguém que estivesse vivendo de forma mais intensa e mais de perto aquilo tudo o que se falava nos telejornais por aqui. Ouvir alguém que estivesse lá onde tudo começou(?).

Minha resposta transmitia exatamente o sentimento de um trabalhador que - sozinho - não movimentava de forma significativa a economia, portanto - sozinho - não sentiria seus efeitos. O fato é que os alimentos continuaram com o mesmo preço, as roupas não mudaram em nada, os eletro-eletrônicos não sofreram 0,1% de aumento sequer e a gasolina subiu de preço. Quando cheguei na California - final de março - o galão (3.78 lts) de gasolina estava, em geral, sendo negociado a US$ 2.10. No auge do verão - já em constante aumento - o galão chegou a custar US$ 5.29, atingindo o preço mais alto da história dos Estados Unidos. Nunca havia ocorrido algo do gênero, seria o fim do mundo se aproximando, todos iriam a falência, pois dirigir carros carros populares com 8 cilindros seria inviável.

Logicamente, não seria viável continuar com o preço da gasolina tão elevado. Pois bem, o verão passou, as férias acabaram, os turistas foram embora e parece que o preço do combustível - literalmente - caiu na real. Em novembro, mês em que decidi viajar pelo tão belo Estado da California, o galão de derivado do famoso "ouro negro" estava sendo cotado a míseros US$ 1.99. Há três dias, liguei para um amigo que mora em Los Angeles, que após 2 horas de conversa - sem exagero - me pediu para adivinhar quanto estaria sendo cotada a gasolina por lá. Acreditei que ainda rondava a casa dos US$ 2. Engano meu, em Los Angeles compram-se 3.78 litros de gasolina pela bagatela de US$ 1.68. E adivinhem, o mundo ainda continua de pé por lá...

Será que alguém ganhou dinheiro com isso? (Risadas.) Sem sombra de dúvida. O preço realmente subiu, ou fizeram o preço subir? Acredito na segunda opção. De repente foi a Toyota/Lexus querendo colocar mais Prius no mercado. De repente foi algo muito maior que isso e eu ainda nem consegui imaginar. O que se tira dessa situação toda é muito aprendizado - e alguns, muito dinheiro dos outros.

Em tempos de soberania ou crise econômica, há quem ganhe e quem perca dinheiro. Até hoje, não se viu alguém ficar rico simplesmente juntando seu próprio dinheiro. Isso não existe. O que se viu é alguém ficar rico por juntar dinheiro dos outros e guardar para si. Estou dizendo que no mercado, não há como todo mundo perder. Para alguém ganhar, alguém perde. Para alguém perder, outra pessoa há de ganhar. É assim que funciona: o dinheiro se movimenta de mão em mão, sem pertencer a alguém, apenas encontrando-se disponível para ser utilizado em determinado momento, por determinada pessoa. O dinheiro não se desmaterializa.

Será que alguém ganha dinheiro com a 'crise - global - atual'? Já falei que sim... Para alguns estarem em crise, outros hão de estar nos melhores momentos de seus históricos financeiros. As emissoras (brasileiras) de televisão apenas bombardeam seus telespectadores com "a crise dos alimentos", "a crise dos minérios", "a crise dos abajures" e a "crise dos parafusos de 1/4 de polegada" - que está por estourar - pois a diferença atual da quantidade de pessoas que ganha e perde é muito grande. Há 'muita' gente perdendo, para 'pouca' gente ganhando.

Concluindo, as 'crises' levam esse nome justamente por quê são passageiras. Elas têm um fim, todas acabam. Ocorrem de tempos em tempos, são cíclicas e até o dia em que houver uma pessoa querendo ter mais dinheiro que já possui, continuarão a existir. Para quem está no meio de uma crise, o mundo pode parecer acabar no dia seguinte, cada segundo do dia passa mais devagar e a sensibilidade à notícias e informações fica mais alta. Não há como negar. Como qualquer outra, a atual crise deixará marcas, mas a notícia boa é que ela vai passar... Nunca esquecendo que outras virão.

sábado, 13 de dezembro de 2008

HIDDEN

Esse aí é o restaurante para o qual eu trabalhava em Santa Monica, CA. A maioria dos figurantes são funcionários...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

PARAÍSO

Momentos são momentos. Outro dia li da minha amiga Ju o seguinte dizer:

"I still believe in paradise, but now at least I know it's not some place you can look for. 'Cause it's not where you go, it's how you feel for a moment in your life and if you find that moment it lasts forever".

Resumindo, o paraíso não é um lugar mas sim um momento. California é um estado de muita beleza natural e inúmeras áreas de proteção ambiental. Pôr-do-sol à beira do Pacífico, incontáveis praias dotadas de muita infra-estrutura, parques estaduais em meio às montanhas, neve, lagos maravilhosos, pessoas bonitas e educadas. Apesar de ter percorrido a Pacific Coast Highway - rodovia que percorre quase toda costa californiana - de Santa Monica a San Francisco e de ter deparado com paisagens de tirar o fôlego, não foram somente os lugares que fizeram daquilo os tantos "paraísos".

Uma combinação de fatores me fizeram chegar ao paraísos por muitas e muitas vezes durante a viagem. Algumas vezes a trilha sonora fazia a diferenca, por vezes a companhia. Por exemplo, nada como percorrer a Sunset Blvd. ou a Santa Monica Blvd. em direção a Hollywood escutando "LA Woman" do The Doors. A ocasião que lembro bem foi logo que comecei a entrar em San Francisco - dia 18 de Novembro de 2008 - tempo fechado com cara de Serra Gaúcha, nevoeiro encobrindo as principais partes da cidade, e avistei a primeira placa apontando para a Golden Gate Bridge.


No som do carro estava comecando a tocar "Warehouse" do Dave Matthews. Detalhe: versão ao vivo de NYC, direto do Central Park. Vidros abertos, nevoeiro baixando a temperatura, eu nem sabia que estava fazendo a última curva antes de chegar pela primeira vez na ponte! Atravessar a ponte pela primeira vez, ouvindo essa música, com os vidros abertos e todos os fatores que cercavam a ocasião fizeram desse momento um dos "paraísos" dessa viagem. De arrepiar!


Tomando um café da Starbucks - que falta faz o cinnamon dolce latte de todos os dias! - certa vez li a seguinte inscrição no copo:

"I used to think that going to the jungle made my life an adventure. However, after years of unusual work in exotic places, I realize that it is not how far off I go or how deep into the forest I walk that gives my life meaning. I see that living life fully is what makes life - anyone's life, no matter where they do or do not go - an adventure."
-- Maria Fadiman
Geographer, ethnobotanist and National Geographic Emerging Explorer.

Não acredito que seja só o momento ou o lugar somente. Uma boa mistura dos dois, com uma pitada de diversos fatores, nos fazem chegar ao paraíso por diversas vezes na vida.